O I FESTIVAL DE CINEMA DE DIAMANTINA foi realizado de 19 a 22 de abril de 2023 e movimentou a histórica cidade mineira, Patrimônio Mundial reconhecido pela Unesco, e que já foi cenário de inúmeros filmes e novelas de projeção nacional. Além das exibições gratuitas, o Festival promoveu debates, rodas de conversa, oficina, lançamento de livros, filmes infantis e eventos musicais, reunindo diretores e diretoras de todo o País. O festival contou também com uma mostra online, posteriormente, entre 04 e 09 de julho de 2023, pela Embaúba Filmes – plataforma de streaming.

Sucesso de conteúdo e público, a estreia do Festival de Cinema em Diamantina recebeu um total de 637 inscrições de filmes, sendo 72 longas e 565 curtas de 13 estados brasileiros. Foram exibidos 30 curtas e sete longas, cuidadosamente selecionados pela comissão curadora, formada pelo doutorando em antropologia na USP e curador de outras mostras audiovisuais, João Paulo Campos; Gustavo Maan, graduado em audiovisual pela USP e mestre pela UFRJ com pesquisa em documentário e memória; e pela historiadora Vitória Azevedo, professora da UFVJM, mestre e doutora com pesquisa em cinema. As obras, sobre temas diversos, refletiram a formação da identidade brasileira e seus percalços envolvendo grupos historicamente marginalizados, como mulheres, negros, pessoas LGBTQIAPN+, quilombolas e indígenas.

O Festival premiou o longa ‘O índio cor de rosa contra a fera invisível: a peleja de Noel Nutels’, do carioca Tiago Carvalho, que conta a história do sanitarista na sua luta indigenista do século 20. Entre outros, também tiveram sucesso as exibições de “A filha do palhaço”, do cearense Pedro Diógenes, “Cervejas no escuro”, de Tiago Neves, da Paraíba; o mineiro Fazendinha’, de Marina Nobel, filmado no contexto da pandemia em BH; Cambaúba, de Cris Ventura, de Goiás. Igualmente importantes foram os curtas, que passearam por estéticas diversas, temas instigantes e muitos emocionaram o público.

Com a parceria da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), do já tradicional Festival de História (fHist) que a cidade sedia desde 2011, e do Cineclube Cinefronteira, o I Festival de Cinema de Diamantina foi produzido pela Almôndegas Filmes, sob a coordenação do cineasta Felipe Canêdo.

Filme com borra de café: formação cinematográfica

A formação cinematográfica foi um dos eixos do Festival. Precedendo a Mostra, entre os dias 12 e 18 de abril de 2024, Felipe Canêdo, jornalista, roteirista e mestre em audiovisual, ministrou uma oficina gratuita: “Como fazer um filme com borra de café”. Nela, os alunos percorreram brevemente o processo de realização cinematográfica – roteiro, pesquisa e pré-produção, filmagem, montagem e finalização. O resultado da obra, o curta-metragem “Onde a hora é mais rápida e o minuto mais longo”, executada por muitas mãos – a oficina teve 20 inscrições - foi apresentado na abertura do Festival. O curta traz a trajetória de Eustáquio Neves, um dos grandes nomes da fotografia do país, seu processo criativo e sua vida em Diamantina, lutando pela profissão e criando os filhos, hoje amantes das artes.

A cerimônia de encerramento foi também em grande estilo, na rua da Quitanda, em promoção musical que reuniu orquestras, bandas e artistas locais, gravada pelo programa Roteiro de Minas da emissora Band.

Exitoso em sua primeira edição, o objetivo do Festival de Cinema de Diamantina é contribuir para a formação, o debate e o fomento na área da economia criativa, bem como incrementar o circuito cultural do Vale do Jequitinhonha e a formação de público e distribuição do cinema nacional em Minas Gerais.