O ano é 2025 e o Festival de Cinema de Diamantina começa a caminhar com suas próprias pernas. Em sua segunda edição, ele passeia pelas capistranas1 do centro histórico, cruza o Cine Teatro Santa Izabel e pisa também nos bairros Rio Grande e no Largo Dom João. Enquanto a cidade mais bonita de Minas Gerais recebe um influxo inédito de cineastas e começa a parir produções locais com sotaque muito próprio, o II Festival de Cinema de Diamantina coloca seu rosto no sol e procura se estabelecer como iniciativa de divulgação e formação de público na região.

Com apoio do Festival de História (fHist) – seu irmão mais velho, nascido em 2011 –, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e da Prefeitura de Diamantina, ele visita também distritos e itinera pelo Jequitinhonha e pelo Norte de Minas. Nos 20 anos da UFVJM, o II FCD será também uma festa de aniversário e um espaço para o livre pensar.

Um Festival em busca de si mesmo, que se faz enquanto caminha, que não se furta de pensar as grandes questões do Brasil e do Vale do Jequitinhonha (sejam elas desigualdades sociais, raciais, de gênero, históricas, políticas, ambientais), e que sabe do tamanho da tradição cultural diamantinense e do Vale do Jequitinhonha. E é em reverência ao legado musical, arquitetônico, aos grandes pintores e artistas plásticos da região, às artesãs de Turmalina, às bordadeiras de Minas Novas, aos trovadores de Araçuaí, que o II FCD se mobiliza. Não para se tornar um espaço de culto nostálgico da tradição, mas, muito pelo contrário, para se munir dessa riqueza e diversidade cultural e dialogar com o presente.

Se o cinema nacional vive um momento de enlevo e reconhecimento, o II Festival de Cinema de Diamantina se ergue como esforço para divulgar produções excelentes que ainda não tiveram oportunidade de se tornar conhecidas no circuito de grandes festivais e em janelas de televisão e streaming. Uma celebração da riqueza das culturas brasileiras, com shows, debates e oficinas. Um encontro de cineastas, atores, escritores e apaixonados por cinema. Um festival com a cara de Diamantina e com a energia e a poesia do Jequitinhonha.

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1 Segundo o dicionário Michaelis: “Calçada de lájeas grandes, na parte central das ruas.”